domingo, 30 de setembro de 2012

" Torna-te quem tu és ! "



Eu gosto de bolo de laranja com cobertura açucarada e de bolo de fubá com café. Eu gosto de dormir sempre de meia, faça frio ou faça sol, a não ser que as circunstâncias me façam esquecer completamente de roupas quando eu vou me deitar (eu gosto dessas circunstâncias). Quando eu era criança e descobri que as árvores eram seres vivos, passei muitas horas com o  ouvido encostado na árvore que tinha do lado da minha casa, tentando escutar o coração dela. Um dia eu ouvi e até hoje juro que é verdade. Também achei um absurdo que todos deixassem as plantas na chuva, no vento e no sol e que elas não pudesse se mover, se estavam todas vivas. Fiquei triste por todas. E quando eu vi gente cortando árvores, eu perguntei " mas mãe, eles não sabem que elas estão vivas?'' E chorei. Eu gosto de sol, mas odeio calor. Calor me dá raiva e dor de cabeça, sol me dá esperança. Eu também gosto de chuva, mas gosto mais de sol que vem logo depois da chuva. Já li dois livros do Paulo Coelho e gostei muito dos dois, a ponto de me emocionar e me incomodar. Também curto outros autores que são lugar comum para o ódio dos acadêmicos e da crítica ''especializada''. Eu gosto muito do Caio Fernando de Abreu e das citações dele na internet, apesar de tanto implicarem por ele ser tão citado. Eu não gosto aliás, de gente que implica quando alguma coisa vira ''modinha". Tudo que eu consigo ver nessa atitude é uma versão moderna do que o Peter Burke chamou da descredibilização da cultura popular , no início da Idade Moderna, para as classes dominantes se diferenciarem das dominadas, uma vez que as funções de cada ''estado'' da organização social já não se encontrava mais tão bem definido como no medievo. Por que algo tem que ser ruim, se muitas pessoas curtem? Não tenho essa necessidade de me diferenciar da maioria. Eu tenho necessidade de me aproximar dela. Sou muito brega, adoro mimimi, adoro ficar juntinho, grude, fazer tudo junto e gente melosa. Adoro especialmente dormir junto, abraçado, de mãos dadas, de mal jeito, de qualquer forma, mas junto ! Dividir um cobertor é pra mim uma das melhores coisas de dividir uma vida. Às vezes, tenho surtos estranhos de organização : meus livros estão sempre em ordem alfabética por sobrenome do autor, eu gosto de arrumar baralhos de cartas como se tivesse jogando paciência e tenho um estranho prazer em colocar as coisas na ABNT. Eu gosto muito de fazer faxina : trabalho braçal me dá um senso de utilidade muito especial pra minha existência eu curto o cansaço depois de limpar e organizar bastante. Não gosto mais de chocolate puro, só de doces com sabor de chocolate. Eu gosto muito de sexo. De verdade. Muito. Água é o único líquido que realmente mata minha sede. Um bom arroz, com feijão e farofa é pra mim das maiores iguarias culinárias já inventadas no mundo. Eu gosto muito de comer. De verdade. Muito. E gosto de dormir em redes, balançando. Eu nunca quis ser rica e sempre achei que isso era sinal de que sempre fui pouco ambiciosa. Mas na verdade, sou muito. Sou tanto que dinheiro e riqueza material nunca seriam o suficiente para me fazer feliz. Eu gosto muito de vento. Nem ligo se bagunça meu cabelo. Adoro acordar com o vento soprando baixinho, como se tivesse me convidando pro dia. E sempre está ventando, nas minhas melhores memórias, embora eu nem saiba mais se essa ventania toda realmente aconteceu na minha vida, ou se eu só inventei memórias ventosas. Eu sou muito sentimental. E muito passional, embora tenha passado minha vida lutando com isso. Eu sinto tanto e com tanta força, que às vezes tenho medo de mim mesma. E às vezes tenho razão em ter. Sou muito ciumenta e gosto de gente ciumenta. Sou possessiva também e gosto de gente possessiva. Meu gosto musical está cada dia mais parecido com o da minha mãe e eu sempre fico com a impressão de que isso é sinal de que estou amadurecendo e aprendendo com a vida. Não sou religiosa,mas gosto de igrejas - não por interesse histórico, mas por um interesse muito irracional. Queria que as pessoas atentassem mais para a questão dos preconceitos linguísticos e estilísticos. Diminuir a forma do outro se expressar é horrível e falou isso por tanto ter me reprimido na hora de me expressar, nessa vida. Meu sonho de consumo habitacional é morar em uma das casas que rodeiam a pracinha na qual eu brincava quando eu era criança. Aprendi muitos de meus princípios morais que levo bastante a sério, lendo Harry Potter. Já amei Pessoa e Lispector, mas eram amores que me deixavam tristes e hoje prefiro gente mais alegre, como Adélia e Drummond. Meus amores são sempre eternos e inacabáveis e eu não acredito em substituir ninguém, porque cada pessoa na minha vida é única. Faço análise há alguns meses - ainda bem. Minha memória é sempre muito ativada pelo olfato : sinto cheiro de Natal, cheiro de ano novo , cheio de dias claros e sinto saudade dos perfumes das pessoas. Eu gosto de rotina - quando ela tem um sentido , dá consistência ao dia-a-dia. E eu gosto muito de estudar, de verdade. Mais do que como um meio de chegar a algum lugar, ou a algum conhecimento, eu gosto às vezes só por gostar. Estudar pra mim é consolo. Sempre me chamou pra vida, quando tudo era tristeza. Tenho me emocionado ouvindo pagode. E frequentemente eu choro estudando História. Eu amo História. Não consigo me imaginar trabalhando com nada que eu ame menos que História. Eu amo a vida ! Tinha uma dúvida quando prestei vestibular : biologia ou história? E gosto de pensar que qualquer que fosse minha escolha, eu estaria escolhendo vida. A primeira é vida como se dá na natureza, é funcionamento e estrutura dos seres vivos. E a segundo é o que se faz com o vazio que fica uma vez que as estruturas funcionam e se tem o mundo pela frente.  Eu adoro rir. Mas na verdade, sou muito séria. Não acredito em posicionamento ''apolítico''. Pra mim, a omissão também é uma escolha. É ceder. É um ''quem cala, consente'' com o que se está sendo feito. Eu nunca enjoo das pessoas - quanto mais tempo passo com alguém, mais me apego e mais amo. Eu amo animais ! Quando eu era criança, minha mãe me chamava de Felícia, em homenagem ao desenho animado da garotinha que sufocava todos os bichinhos com excesso de amor e carinho. Minha agressividade é muito maior do que meus ideais pacifistas gostariam de admitir. Sou muito carente. Na verdade, sou carente pra porra. No ensino médio,  minhas amigas me colocaram o apelido de "Milk", quando estava na época em que passava muito o comercial de um milk shake gigante que saia pelas ruas abraçando as pessoas. Adoro abraços ! Carinho e cuidados ! Quando eu era criança, meu pai me dizia pra tomar café sempre que eu tinha um problema : de problemáticas digestivas à nervosismo. E eu sei que pode parecer não fazer sentido algum tomar café pra relaxar. Mas comigo, funciona. Desde então, até hoje, adoro café. E café-com-leite, mas só da minha mãe. Aliás, eu tenho 20 anos e até hoje peço pra minha mãe fazer o meu café-com-leite, sempre que posso. Eu gosto de ajudar, de fazer as coisas pelas pessoas. Gosto de receber gente e adoro dar presente. Fico sempre prestando atenção no que as pessoas a minha volta gostam para um dia dar presentes a essas pessoas. Amo ler, amo livros. Gosto de livros acadêmicos, livros de ficção, livros de autores reconhecidos pela crítica, livos de autores reconhecidos pelo público,romances, novelas, livros infanto-juvenis, livros de poesias, clássicos da literatura,  livros de auto-ajuda...mas os que eu mais gosto mesmo,são livros com dedicatórias. Quero muito ser feliz e acho que tenho vocação para a alegria, como o Dr. Jivago. Consigo ver encanto em cada momento do dia e cada estação do ano, amando tudo, sem parar. Eu gosto de horário de verão !  Consigo me divertir indo sozinha para rua passear comigo mesma e observando as casas, os cantos escondidos, o padrão que a sombra das folhas nas árvores desenham no chão, flagrando cenas de encontro e de gente sorrindo à toa, vendo o sol incidir sobre as casas, os prédios, as ruas, os morros  - cada hora de um ângulo diferente e dando um brilho diferente. Não gosto de ficar doente, mas confesso que às vezes torço por um resfriadinho fraco pelo conforto de tomar um chá vicky e vadiar sem culpa. Amo cinema, principalmente quando eu e um filme maravilhoso nos encontramos por acaso. Não consigo me acalmar ficando quieta. Quando eu estou aflita, a única coisa que me acalma é andar até minhas pernas doerem, só aí eu consigo relaxar deitando, ou sentando. Eu gosto muito de caminhar, aliás - melhor meio de transporte para ver o mundo. Sempre quis escrever um livro. Talvez um dia escreva. Gosto muito de viajar. Gosto das estradas, de absorver cada pedaço das cenas que os lugares distantes formam na minha mente ; cada jeito específio de um lugar amanhecer e anoitecer. Adoro o calor do pão quentinho atravessando o saco de papel, quando se compra pão que acabou de sair do forno. E acho meia com dedinhos uma das melhores invenções da humanidade. Gosto de cheio de livro, cheio de chuva, cheiro de café sendo feito e cheiro de capim-limão. Adoro bolo de festa de aniversário e casamento, daqueles bem doces. Curto demonstrações públicas de afeto. Sou musicalmente eclética. É, podem me chamar de poser. Sei muito pouco sobre os artistas, porque me interesso muito mais pelo sentimento que a música me passa. Admiro alguns artistas, mas dificilmente saberei a data de aniversário de algum. Tenho uma tendência louca a acreditar em astrologia e numerologia, com todo meu ceticismo. Adoro conversar e tenho descobrido um talento insuspeito pra essas coisas. Cada dia mais me apaixono pela profissão de professor e me sinto mais próxima dela - com vontade de exercê-la. Adoro filosofar e gosto mais ainda de dividir e trocar filosofias  Tenho mania de profundezas  - não consigo ficar pelo superficial, mesmo quando me parece mais fácil. Sou prolixa pra escrever e preciso aprender concisão  Gosto de pensar, conjecturar, imaginar. E curto gente que embarca nessa comigo. Chinelo pra mim é calçado de excelência. Gosto de história e gosto das gentes das histórias. Gosto de gente ! E tenho medo ao mesmo tempo. Às vezes me sinto tão feliz que queria um jeito de absorver cada milímetro desse momento de felicidade com toda a força da minha memória pra poder revivê-lo sempre que puder ! Eu curto me sentir bonita para quem eu quero ser bonita. Adoro a natureza e paisagens bonitas e paisagens bonitas ao pôr-do-sol. Gosto mais de falar do que eu gosto e acho bonito do que do que não gosto (acho que já deu pra perceber a essa altura do texto.). Já senti uma dor insuportável por quatro meses, sem que ninguém me dissesse o que era e desde então tenho me sentido muito resistente a qualquer dor física ou doença (embora eu não seja). Dificilmente me apego à minha tpm. Adoro som de risos e sorrisos. E banana amassada com aveia e mel. E amo. Amo com todo o corpo e com toda a minha alma, sempre. Mesmo quando não consigo falar desse amor. Já me chamaram de Natália, Fátima, Nati, Cabral, Cabrita, Brita, filha, amor , amiga, querida, linda, feia, escrota, fofa , gorda, iga, latália, tália, talinha, irmã, melhor amiga, amorzinho, inferno, mulher da minha vida, maluca, mulher que eu quero casar, encosto, chata, nerd e maninha. Aceito todos os meus nomes como parte do que já fui um dia, ou continuo sendo e ainda serei.Mas o nome que eu mais vou gostar de ter, acho que será ''mamãe''.

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