quinta-feira, 9 de abril de 2015

A última palavra.

            O último post desse blog que me acompanhou, talvez de uma forma irregular, mas decisiva, será uma oração. Essa oração tem passado pela minha cabeça, de forma meio confusa e impulsiva, em flashes, todos os dias, e eu tenho desejado falar com Deus, mas sempre deixo isso para lá, porque isso não é natural para mim. Mas escrever sobre isso talvez seja mais fácil do que falar, do que parar e falar, mesmo que só na minha cabeça, as palavras que eu tenho pretendido para Deus, ou para o sentimento de Deus. Eu sou mais mesmo de escrever do que de falar,muitas vezes. Mesmo assim, minha vida, meu corpo, meus pensamentos tem se tornado, a cada dia, essa oração. E talvez até pronunciá-la possa vir a se tornar redundante. Mas eu quero dizê-la e declará-la.
            "Deus, eu acho que você gosta de mim. Afinal, você me deu a chance de evitar a morte e, para além disso, de descobrir a vida. Quando fiquei doente, foi quando aprendi a valorizar esse mundo. E eu amei todas as coisas como se elas fossem pra mim,quando me curei. E amei como se eu fosse pra elas também.Vivia numa comunhão quase religiosa com a natureza, o tempo e a vida, porque tudo era sagrado,e tinha que ser. Além disso, Deus, eu reconheço,que toda vez que estou chateada,você me manda sinais. Sinais constantes de que a vida vale a pena e que eu estou, apesar de toda a minha dificuldade, destinada a ser feliz. Faltando apenas que eu decida por isso. Foi como aquela vez em que eu estava tão triste e encontrei estrangeiros que vieram me dizer que em seu país, eu seria considerada tão linda, que muitos parariam para me ver. E quando minha autoestima está muito baixa, eu ganho prêmios e oportunidades inexplicáveis, como se o universo tentasse me consolar. Além disso, todas as vezes que rezei para tentar concluir algo sobre esse amor que me fustiga o peito, você fez esse amor voltar. E eu concluí que existia amor,embora logo depois,eu tivesse que mudar de idéia de novo, porque o mesmo amor, me deixava pra trás. Mesmo assim, o universo conspirava,nesses momentos de tristeza, para que outras coisas funcionassem. É como se ele me disesse : vai, confia. Vai, mergulha. Não fica com medo, seja. O universo é todo pra você e você é toda para esse universo. Esse é esse lugar. Você tem tudo que você precisa, pra ser feliz." Até os encontros que eu tive e tudo que pude aprender com eles, as filosofias de vida que pude aprender, adotar, conhecer, tudo me empurrava para a felicidade, enquanto eu me debatia, negava, matava a felicidade, fugia dela.
            Deus, perdoa a minha fragilidade humana. Me dá coragem e força pra ser esse me outro eu, que existem em mim e que não tem medo de nada, de tanta fé na vida, porque só assim, eu vou seguir os seus sinais. Esse meu eu sabe que pode vencer tudo, pode vencer os apelos do ego, porque conheceu o amor. E viveu esse amor para si. Minha querida Adélia Prado pedia, do alto dos seus muitos anos de idade, que Deus a curasse de ser grande, pois já não queria nada. A velhice a cansava e só queria ser humana e frágil. Eu lhe peço a coragem contrária. Me dá coragem pra ser grande. Me dá coragem para assumir de vez a postura decidida de que, não importa o que aconteça, eu vou sobreviver, mesmo que pareça que os machucados do meu ego podem me matar. Me permita saber, de uma vez de todas o que eu já dei meio enviesado, num instinto torto,no qual não confio,porque não sei confiar,não pratico confiar. O instinto que me diz: você é forte, você vai ser feliz, não importa o que aconteça. Tudo vai passar, você pode ter o mundo, se o desejar. Ele é feito pra você, e você pra ele. Me faz correr nessa direção, no sentido desse sentimento, Deus, e me protege naquilo que não posso controlar,masque pode me destruir. Os pequenos acasos que tantas vezes decidem nosso futuro. E o mundo é meu e feito pra mim porque eu posso aproveitar tudo, posso viver tudo. Há tantas possibilidades. E eu quero vivê-las, Deus. Eu não quero mais ficar triste, perdida, afundada na minha própria solidão. Me dá coragem, Deus. Me dá coragem pra amar: o mundo, a vida, a mim mesma. Me dá coragem pra ser grata, ao invés de ter tanto medo, tanto receio e tanto ressentimento. Me dá coragem pra perdoar - o perdão que é tão divino. Me dá coragem para viver o amor divino, que é o amor que move o mundo, que é o amor de todas as coisas por tudo. Me dá coragem de ser.
            Eu te amo, Deus.”  

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